Friday, November 20, 2009

Três textos e uma caixa de recordações

* Três textos escritos nos tempos de faculdade. Se me faltava bom senso, talento e/ou juízo, ainda sobrava ideologia. Ideologia esta que continua perene e imutável, mesmo nos tempos atuais.
Queria eu, de coração, dizer que não ajustei nem atualizei nenhum dos seguintes textos, mas o perfeccionismo é mais forte que a realidade; fiz ajustes mas nada que representasse um viés à ideia original. Em todo caso, vale o contexto - com veneno nas ventas a dizer: felizes aqueles que, com o passar dos anos, mantém-se fieis ao coração, às ideias e ideais, ao conteudo desenvolvido na forja do dia-a-dia sem sucumbir ao enfadonho fardo de querer ser igual aos "normais".
Nada tem título e as datas são aproximadas. Ainda assim, bom proveito! Eu, ao menos, me diverti ao resgata-los... é assustador perceber o quanto permanecem atuais, ainda que fracos.

"A vida é dura e nem sempre é como queríamos que fosse. À medida que ela passa, cada vez mais nos esforçamos para sermos indivíduos normais. Nessas, a gente se esquece de que a vida é feita de momentos (nessas, me ocorre que eu queria um dia poder contar ao Salles que eu já mijei na porta da agência de propaganda dele).
E me ocorre que, nessas, a inconsequência dá lugar à responsabilidade, e a constante atividade mental que nos mantém ocupados longe dos sonhos é a prova de que estamos realmente nos tornando normais. Todos nós.
A solidão nos força a parar e pensar; revisitamos aquelas lembranças mais longínquas e improváveis. Dá saudade, e os bons momentos não voltam mais.
Mamãe até queria que eu fosse alguém... mas ser alguém e viver bons momentos são eventos mutuamente exclusivos.
É de fazer a gente pensar que a vida não é como queríamos que fosse. Possivelmene nos tornaremos resmungões por não termos feito as coisas que gostaríamos de fazer.
E os momentos? Não era bom ter histórias pra contar?
"A vida é muito frágil", me disseram certa vez. Pense que, do dia pra noite, poderemos nunca mais escutar aquela música que a gente gosta, poderemos nunca mais rever um amigo do peito."

(Provavelmente algum dia perdido em meio ao ano de 2001)


"Criar um círculo social é fácil. Mas manter esse círculo é complicado; principalmente quando você é você mesmo, e não uma máscara que se preocupa com a sua própria imagem perante os demais. Fritas acompanham? Não, mas expectativas sim.
Quando se tem poucos amigos é fácil mante-los ao redor, é como agrada-los feito um mímico, que entretém sua plateia. O mímico, no fundo, satisfaz a si próprio.
Mas quando se tem muitos colegas, é difícil agradar a todos. Participar da vida de todos, então, é tarefa hercúlea. Colegas não entendem que você precisa de um tempo que é só seu. Seria melhor ou pior, estar com este ou aquele colega? E com este ou com aquele amigo? O meu círculo social tem muitos lados. Colegas, amigos, tanto faz. O que a gente busca, no fundo, é compreensão."

(Com certeza ao redor de 1999)

"E então podemos nossentir privilegiados. Desenvolvemos nosso senso crítico, recebemos e processamos informações. Oportunidade.
O inconformismo é produtivo. Enfrentar problemas também. Reclamamos sempre de barriga cheia, enquanto outros passam fome.
Se o ser humano realmente pensasse, veríamos como é fácil estender a mão a quem necessita. E se eliminássemos o preconceito, seríamos felizes simplesmente por olhar à nossa volta.
Mas insistimos em continuar alheios. Porque? Ainda não sei dizer. Não é fácil mudar, mas também não é impossível."

(Provavelmente escrito em 2000)

Thursday, November 19, 2009

Anda Mesmo Tão Complicado?

Vamos lá, acorda logo!
Vê se deixa de enrolação...
Você tem que trabalhar
E a gente pega uma contramão
Te espero na saída,
Enquanto isso compro uns discos usados
Depois almoçar com os amigos
Num balcão de Shangri-la.

Quem vê, você, e eu, também
Andando juntos assim sabe o que diz?
- eu quero ser feliz assim, também

Lembra de ontem? De andar à pé,
A gente relembra de algumas histórias,
dá risada e sente saudade
Como é bom viver assim
Corre senão a gente perde o filme
E olha que bom! Ainda tem um vinho pra tomar
Mas antes vem o lanche.

Sempre assim, tão simples pra nós dois
No caminho sempre tem uns cachorros
A gente brinca e desaperta o passo
Ainda tem a cerveja para pegar.

Vamos chamar nossos amigos
A gente faz uma costelada
Esquece um pouco de ir embora
E fica de papo pro ar
Vai chegando a hora de partir
Dá vontade de fingir que é mentira
Vai ser aquela choradeira:
- Vou com Deus, amo você!

Quem vê, você, e eu, também
Andando juntos assim sabe o que diz?
- eu quero ser feliz assim, também

Quero ouvir uma canção de amor
Que fale da minha situação
De quem deixou a segurança de seu mundo
Por amor

*Uma dupla homenagem, à uma pessoa querida e a uma querida banda. Para ler cantarolando "O Mundo Anda Tão Complicado", da Legião Urbana, fonte de inspiração para a vida que se leva ao lado de quem se ama.
Urbana Legio Omnia Vincit!
Para sempre!