Tuesday, January 06, 2009

Os Reis andam roendo as roupas - e as raízes - de todos os ratos daqui até Roma. E ninguém tem se importado tanto assim. A gente já não se dá conta de como as situações tem se tornado tão absurdas. Bacana é quem aguenta quieto todos os maus tratos. Até mesmo quem maltrata em retorno, feito vingança. E não faz valer os seus direitos. É quem é escravo do sistema, é quem ouve asneira do patrãozinho meia-sola e acaba descontando a raiva nos amigos. E se você não engole sapos nem tolera ignorância, é você quem está errado; correm te contar que "a vida é um jogo" e tudo o mais. Você sai um dia do seu trabalho pisando duro, porque alguma ofensa te feriu no brio mais óbvio, e é você quem está errado, de novo. Abandonou o seu posto; a "produção de riquezas" nunca pode esperar... e penso instantaneamente: para os que pensam errado, certo é quem sempre está errado. Afinal, dinheiro custa caro; se especula em cima disso e assim fazemos nosso lixo valer muito. Alguém está pagando uma conta alta pelos nossos abusos dos maus juízos de valor. A bem da verdade somos todos dejetos, bois de piranha das corporações que a qualquer momento abrirão mão de nós tão rápido quanto encherão de novos mauricinhos esbanjadores as pistas VIP dos próximos eventos sensacionais que estão por vir. A conveniência é bem inconveniente.
Foi-se a época que as bandeiras eram erguidas sob os disparos de fuzis; agora, são erguidas as bandeiras das operadoras de celular que patrocinam micaretas, as bandeiras partidárias dos vegetarianos que não abrem mão de comer uma carninha de vez em quando, a bandeira das incorreções cometidas com a desculpa de corrigir uma incorreção há muito protelada. Xerifes de merda - sempre se achando no direito de julgar e serem julgados. Sob os conduítes da nação a vergonha, a miséria e os almoços grátis continuam a fluir feito um lodo lamacento a cada vez que uma nova tarifa bancária é inventada, a cada vez que os juros das Casas Bahia (aqueles mesmos em letras miúdas da TV) levam à falência mais uma senhora aposentada, a cada vez que você se submete a receber algo grátis e que só é grátis para você: alguém já pagou ou ainda pagará por isso.
Enquanto isso eu, aqui, vou muito bem, obrigado, daquele jeito de sempre; perdendo a paciência no meio de um dia bom sem obviamente ter propósito algum nisso e rindo da pior desgraça como quem ri do próprio Palhaço Marmelada.