Friday, October 08, 2010

Nunca Mais

Nunca mais deixar nada para
Amanhã
Nunca mais achar que depois vai
Melhorar
Nunca mais fantasiar que antes é que era
Bom
Nunca mais pensar na culpa a
Carregar

Nunca mais levar a sério esse
Deboche
Nunca mais sorrir em
Falso
Nunca mais fingir estar afim
Nunca mais servir, ou me
Encaixar
Ser um fantoche
em parte alguma ou em qualquer outro
Lugar

Nunca mais temer estar
Sozinho
Nunca mais temer não estar também
Nunca mais
Entender,
Ouvir,
Falar
Nunca mais tentar mudar
Ninguém

Nunca mais tentar
Partir
Nunca mais querer ficar
Nunca mais querer manter ou
mesmo simplesmente
Mudar

Tuesday, April 13, 2010

Coisas que Eu Aprendi com a TV a Cabo

1. Um pacote de pastilhas de menta pode te incriminar se você for o suspeito de um crime supostamente cometido por um alcoólatra;

2. Você pode tentar soltar o sutiã de sua melhor amiga, na frente de sua namorada, e isso vai soar apenas como uma piada ou um traço pessoal imutável, mas nunca um assalto sexual;

3. Ser inteligente demais pode causar problemas de convívio social (mas isso é verdade mesmo);

4. Atitudes e trejeitos motivados por Transtorno Obssessivo Compulsivo produzem situações mais cômicas do que tristes ou desagradáveis, ainda que patológicas;

5. Conseguir sexo à três é fácil, ainda mais se uma das garotas for sua ex-namorada obcecada por você; elas não ligam se você beber demais nem se você não se lembrar de nada na manhã posterior;

6. Médicos egocêntricos, egoístas e solitários resolvem mais casos de doenças incuráveis do que médicos gentis e altruístas;

7. Fazer Ciência significa, em linhas gerais, explodir coisas;

8. ETs são sempre materializações dos sonhos mais molhados dos estadistas belicosos e muitas vezes agem como criancinhas mimadas, invulneráveis a bazucas porém suscetíveis ao ar comum, à poeira, ao Cebion ou a uma cor qualquer.

9. Aparentemente as pessoas gostam de ter seus banheiros invadidos por uma horda de cinegrafistas, sonorizadores e uma entrevistadora chata para falar sobre doze problemas bucais.

10. As coisas no passado eram mais legais, a população se preocupava com problemas verdadeiros e a falta do que fazer motivava a criatividade enquanto se buscava um pouco de diversão; crescer era bom e a verdadeira saudade permanecia intacta enquanto se contemplava com bons olhos o que se passou e como era bom viver com menos (e isso, infelizmente, também é verdade).

Wednesday, February 03, 2010

A Busca

Procuro entre os normais aquela coisa que todos dizem que tem. A dita cuja felicidade, entre os pais de família, entre as felizes mães e filhas a passear de mãos dadas nos Shopping Centers da alegria, e só o que encontro é a devastação.
Procuro entre os católicos, entre os fervorosos, até mesmo entre os ateus, a certeza da paz absoluta; não é surpresa que é em vão. A felicidade não existe para os que rejeitam pontos de vista alheios a si mesmo.
Procuro então entre os fanáticos, busco a felicidade entre os absolutistas tranquilos da boa paz, e só o que encontro são novos lares igualmente desolados.
Procuro a felicidade entre os casais, entre os cisnes dos lagos, entre os jovens namorados; encontro pois a mágoa, ressentimento, meias palavras e verdades mentidas juradas a esmo. Penso em procurar mais tarde.
Procuro a felicidade entre os governantes, entre os que juraram defender o povo e a civilização. Falsidade ideológica é brincadeira perto das atrocidades que encontro. Felicidade não existe entre os que praticam certos atos.
Procuro a felicidade entre os alcoótras, entre os drogados, entre todos os dejetos rejeitados, e só o que encontro é a debilidade de punhos cerrados, a violência gritando peito a peito que não se leva desaforo para casa.
Procuro a felicidade entre os estranhos, a se esbarrar num bar qualquer, numa banda de forró, de heavy metal ou num programa de auditório, e só o que vejo é a velha farsa de sempre, segunda-farsa, terça-farsa, quarta-farsa, quinta-farsa, sexta-farsa, e a farsa suprema chamada final de semana, já ouviu falar de sábado e domingo? O domingo: o dia santo, dia de descanso, onde só existe o medo de uma nova farsa começar.
Procuro a felicidade entre os soldados, esses guerreiros solitários embuídos do desejo de matar, saúdem a violência!, e vejo que ganhar não leva a nada, a disputa sempre dói - ainda mais - nos vencedores.
Procuro a felicidade em minhas entranhas, aquelas que blindei com dor e pena, piedade, Deus, deste que tem medo de si mesmo, daquele que teme descobrir que felicidade implica em sentir dor.
Conta-me, pois, por que diabos cada escolha é uma vergonha, cada passo é um cadafalço, donde estás a terra prometida, de quando minhas balsas só seguiam a navegar os meios-fios regados à enxurrada das chuvas criadeiras, diferentes das de hoje, cujos ventos levam a segurança para o além, donde nenhum homem jamais vai voltar?
Conta-me, por que é que cada escolha é recebida com uma salva de balas, de chumbo ou de borracha, menos das de palmas, pois não se aplaude o fracasso auto-implicado, o implacável, que coloca cada um na sua balsa, balsas feitas de palitos felizes de sorteves, saiba de antemão que sempre há uma ribanceira logo à frente. O mundo inteiro faz escolhas erradas o tempo todo e mesmo assim cada um quer defender a sua razão e seus porquês.
Cada palavra uma sentença, uma vingança, saco do fundo do poço o rebate perfeito para esta situação. São casamentos, eleições, contratações e demissões, compras e/ou dívidas, cobranças ou juras de amor, tanto faz, na saída pague a conta, mas, surpresa! Já não há mais saída. Ajoelhou tem que rezar, cava a própria cova enquanto sustenta a própria pá. A sua cria é um entulho que você tem que cuidar.
Procuro finalmente entre os defuntos aquela cruel felicidade. Do mundo de lá, também dizem que felicidade não há. Quem já foi, se foi, e o que ficou só preserva o desejo egoísta de algum dia alguém voltar.
Não há satisfação em desejar estar também, na próxima viagem, rumo ao além, nem em querer rever alguém, quem já se foi, quem vai voltar, se vai voltar não sei, mas nem assim há o sorriso dos contentes. Outra balsa lá se foi, deixou-me um bilhete bem assim, que ainda não é hora, você tem que suportar. Um dia ou farsa de cada vez, entre os normais, entre os católicos, (des)crentes, militares, amantes, bêbados ou drogados. Entre os humanos, com suas farsas, dores e desejos, ainda assim humanos, em balsas solitárias cheias de razão, mas vazias de perdão.

Monday, February 01, 2010

E isso é só o Fim*

Escutei de longe aqueles gritos da loucura e sim, aquele dia santo chegara de novo. A despeito do almoço campal, dias antes, em companhia dos astutos macacos, o clima geral que se sentia era o de quem se resigna ao saber-se ganhar um pacote de carvão pela trigésima vez. Apesar de saber que, bem, em anos anteriores, em tal data existira só alegria, paz e união, ao contrário da presença das irmãs Consolação e Tristeza. Mais um ano chegou ao fim.
Um ano onde Belchior tornou-se Narciso e foi se olhar num espelho d'água, que Baltazar parou para mijar e que Gaspar perdeu-se no caminho. Aquele foi o derradeiro dia de um ano em que nenhum Rei Mago chegou à tempo, e só uma cabra, uma ovelha e um camelo vieram visitar o menino Jesus.
Um derradeiro dia de descobertas, dia de presentear alguém que se gosta com algo que só interessaria a você mesmo, de perceber que a própria solidão de alguns - cultivada com o esmero de um ourives - para um velho amigo é por escolha própria muito mais importante do que compartilhar qualquer coisa, ainda que o que haja para se compartilhar seja a tristeza ou o fato de que uma caixa de lápis de cor pode ainda (felizmente) falar mais alto à alma do que possuir uma casa em veraneio.
Um dia que afinal findou, não sem dor ou desespero, onde precisei ser lembrado de olhar para a Lua mesmo que outrora tivesse sido eu a lembrar Pessoa Querida de assim o fazer.
Escutei de novo, ao longe, aqueles gritos da loucura e um súbito e silencioso pânico tornou a brotar dentro de mim. Ontem foi o Natal, e hoje, o que será?

* Ô crianças, isso é só o fim, isso é só o fim (Só o Fim - Marcelo Nova e Camisa de Vênus)

Tuesday, January 05, 2010

Coração de Mãe

"Dizem que quando a Terra foi criada
Fazendo-se possuída
Pelos filhos da vida
Que vinham de outros mundos,
Tudo na estrada humana,
Cortando a imensidão dos campos infecundos
Era a dominação do ódio que se aferra
À dissenção, à morte, ao desespero e à guerra...

Foi quando um mensageiro
do Céu às criaturas,
Regressou às Alturas
E disse humildemente ao Grande Deus:
- Senhor! O que posso fazer dos homens sem amor?
Do cérebro mais tardo ao gênio mais precoce,
Tudo na Terra é luta em conquistas da posse.
Compadece-te oh! Pai!... Veneno, flecha e clava,
Formam no mundo inteiro a Humanindade escrava,
Da descrença, do mal, da impiedade e do crime,
Sem qualquer esperança a que se arrime.
Já não aguenta ouvir os urros do mais forte
E o choro dos vencidos,
Pisados, massacrados e caídos
Nos sarcasmos da morte.
Que fazer, Grande Deus, nas trevas dessa luta,
Em que a luz se nos nega e ninguém nos escuta?

Revelou-se que o Pai de Infinita Bondade,
Pensou, por muito tempo, e disse, comovido:
- Aceito, filho meu, quanto me falas,
Entendo-te o pedido!...
Volta ao mundo a servir na tarefa em que avanças,
Os que morrem no mal renascerão crianças,
A Terra evoluirá, - ponderou o Senhor -
Ninguém altentará minha obra de amor.
A fim de desarmar a violência e a cobiça,
Instalarei no mundo a força da Justiça
E para que haja amor exterminando o orgulho,
Sem pancada, sem grito, sem barulho,
Enviarei alguém,
Que ame os filhos meus, com o meu amor ao bem,
na exaltação da paz, sem desprezo a ninguém.
Alguém que saiba amar, a servir e a sofrer,
Cultivando o perdão como simples dever.

Dizem que foi assim
Que a Terra começou a fazer-se jardim.
Ouviu-se o verbo novo, alternaram-se imagens,
E conforme o senhor mandou e prometeu,
Entre as rudes mulheres dos selvagens,
O Coração de Mãe apareceu."

Maria Dolores (Médium: Francisco Cândido Xavier)

PS: Primeiro texto não-autoral do blog; que em 2010 a esperança renasça em cada coração como o perdão renasce em cada coração de Mãe!

Friday, November 20, 2009

Três textos e uma caixa de recordações

* Três textos escritos nos tempos de faculdade. Se me faltava bom senso, talento e/ou juízo, ainda sobrava ideologia. Ideologia esta que continua perene e imutável, mesmo nos tempos atuais.
Queria eu, de coração, dizer que não ajustei nem atualizei nenhum dos seguintes textos, mas o perfeccionismo é mais forte que a realidade; fiz ajustes mas nada que representasse um viés à ideia original. Em todo caso, vale o contexto - com veneno nas ventas a dizer: felizes aqueles que, com o passar dos anos, mantém-se fieis ao coração, às ideias e ideais, ao conteudo desenvolvido na forja do dia-a-dia sem sucumbir ao enfadonho fardo de querer ser igual aos "normais".
Nada tem título e as datas são aproximadas. Ainda assim, bom proveito! Eu, ao menos, me diverti ao resgata-los... é assustador perceber o quanto permanecem atuais, ainda que fracos.

"A vida é dura e nem sempre é como queríamos que fosse. À medida que ela passa, cada vez mais nos esforçamos para sermos indivíduos normais. Nessas, a gente se esquece de que a vida é feita de momentos (nessas, me ocorre que eu queria um dia poder contar ao Salles que eu já mijei na porta da agência de propaganda dele).
E me ocorre que, nessas, a inconsequência dá lugar à responsabilidade, e a constante atividade mental que nos mantém ocupados longe dos sonhos é a prova de que estamos realmente nos tornando normais. Todos nós.
A solidão nos força a parar e pensar; revisitamos aquelas lembranças mais longínquas e improváveis. Dá saudade, e os bons momentos não voltam mais.
Mamãe até queria que eu fosse alguém... mas ser alguém e viver bons momentos são eventos mutuamente exclusivos.
É de fazer a gente pensar que a vida não é como queríamos que fosse. Possivelmene nos tornaremos resmungões por não termos feito as coisas que gostaríamos de fazer.
E os momentos? Não era bom ter histórias pra contar?
"A vida é muito frágil", me disseram certa vez. Pense que, do dia pra noite, poderemos nunca mais escutar aquela música que a gente gosta, poderemos nunca mais rever um amigo do peito."

(Provavelmente algum dia perdido em meio ao ano de 2001)


"Criar um círculo social é fácil. Mas manter esse círculo é complicado; principalmente quando você é você mesmo, e não uma máscara que se preocupa com a sua própria imagem perante os demais. Fritas acompanham? Não, mas expectativas sim.
Quando se tem poucos amigos é fácil mante-los ao redor, é como agrada-los feito um mímico, que entretém sua plateia. O mímico, no fundo, satisfaz a si próprio.
Mas quando se tem muitos colegas, é difícil agradar a todos. Participar da vida de todos, então, é tarefa hercúlea. Colegas não entendem que você precisa de um tempo que é só seu. Seria melhor ou pior, estar com este ou aquele colega? E com este ou com aquele amigo? O meu círculo social tem muitos lados. Colegas, amigos, tanto faz. O que a gente busca, no fundo, é compreensão."

(Com certeza ao redor de 1999)

"E então podemos nossentir privilegiados. Desenvolvemos nosso senso crítico, recebemos e processamos informações. Oportunidade.
O inconformismo é produtivo. Enfrentar problemas também. Reclamamos sempre de barriga cheia, enquanto outros passam fome.
Se o ser humano realmente pensasse, veríamos como é fácil estender a mão a quem necessita. E se eliminássemos o preconceito, seríamos felizes simplesmente por olhar à nossa volta.
Mas insistimos em continuar alheios. Porque? Ainda não sei dizer. Não é fácil mudar, mas também não é impossível."

(Provavelmente escrito em 2000)

Thursday, November 19, 2009

Anda Mesmo Tão Complicado?

Vamos lá, acorda logo!
Vê se deixa de enrolação...
Você tem que trabalhar
E a gente pega uma contramão
Te espero na saída,
Enquanto isso compro uns discos usados
Depois almoçar com os amigos
Num balcão de Shangri-la.

Quem vê, você, e eu, também
Andando juntos assim sabe o que diz?
- eu quero ser feliz assim, também

Lembra de ontem? De andar à pé,
A gente relembra de algumas histórias,
dá risada e sente saudade
Como é bom viver assim
Corre senão a gente perde o filme
E olha que bom! Ainda tem um vinho pra tomar
Mas antes vem o lanche.

Sempre assim, tão simples pra nós dois
No caminho sempre tem uns cachorros
A gente brinca e desaperta o passo
Ainda tem a cerveja para pegar.

Vamos chamar nossos amigos
A gente faz uma costelada
Esquece um pouco de ir embora
E fica de papo pro ar
Vai chegando a hora de partir
Dá vontade de fingir que é mentira
Vai ser aquela choradeira:
- Vou com Deus, amo você!

Quem vê, você, e eu, também
Andando juntos assim sabe o que diz?
- eu quero ser feliz assim, também

Quero ouvir uma canção de amor
Que fale da minha situação
De quem deixou a segurança de seu mundo
Por amor

*Uma dupla homenagem, à uma pessoa querida e a uma querida banda. Para ler cantarolando "O Mundo Anda Tão Complicado", da Legião Urbana, fonte de inspiração para a vida que se leva ao lado de quem se ama.
Urbana Legio Omnia Vincit!
Para sempre!